terça-feira, 21 de julho de 2015

Quando a sala de aula vira palco

Quando a sala de aula vira palco
(Por Claudia Vanessa Bergamini)
 O teatro é um gênero clássico que, desde a Antiguidade, atrai a plateia. Em sala de aula, nem sempre ele é valorizado como ferramenta necessária à formação do aluno, tendo em vista que propicia o desenvolvimento discursivo, as performances da voz, do corpo e gestual. Além disso, a adaptação de textos narrativos para o gênero dramático permite ao aluno conhecer ainda mais do gênero que se estrutura em torno do discurso direto (os diálogos) e as rubricas (as indicações de cena e comportamento). Essa adaptação foi feita pelos alunos dos 6º anos do Colégio Universitário que, durante as aulas de Produção de Texto, ministradas pela professora Cláudia Vanessa Bergamini, puderam desenvolver habilidades que vão além de redigir um texto. Como verdadeiros atores, os alunos criaram cenários, compuseram figurinos e encenaram narrativas clássicas de fábulas e contos por eles adaptadas para o teatro.
 Princesas, lobo mau, três porquinhos, bruxas, fadas e até animalzinho de estimação invadiram a sala de aula, parte do desempenho dos alunos durante as apresentações, que aconteceram na primeira semana de junho, pode ser vista nas fotos que seguem.




















Gerações

Gerações...
(Por Claudia Vanessa Bergamini)
Eu tinha 11 anos quando pisei em uma tatame pela primeira, com a mesma idade, minha filha também foi, por mim guiada, a uma academia de judô. O judô não se tornou para mim a minha grande paixão, ainda criança conheci o atletismo e foi por ele que verdadeiramente me encantei, tanto que, aos 15 anos, decidi abandonar de vez o quimono e calçar por definitivo o tênis. Para minha filha, porém, os caminhos foram outros. Aaçou com sabedoria a todos os outros esportes, os quais teve a oportunidade de praticar. Hoje, quase uma faixa preta, faltam apenas 4 meses para que isso se concretize, minha menina conduziu ao tatame a terceira geração da família, meu sobrinho. Para ele, o judô é uma divertida prática, mas hoje, ao acompanhá-lo no exame de faixa, senti-me emocionada de ver como uma escolha que fiz aos 11 anos de idade pode ganhar seguidores dentro de minha família. É um orgulho ver essa sensei linda atendendo aos seus pequenos judocas, ver o bebezinho que embalei nos braços dando muito mais que uma faixa, pois ela ensina valores, a história do judô e sei que seus alunos a respeitam. Que orgulho ver meu sobrinho recebendo a faixa das mãos de minha filha. Meu sábado não poderia ter sido melhor, minhas emoções não poderiam ter sido outras.
mou o judô e rech

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Sobre meu interior

Despir-se
(Por Claudia Vanessa Bergamini)

De tempos em tempos, vejo-me diante da necessidade de abrir armários a fim de tirar deles peças que já não uso mais. A tarefa que, aparentemente, é tão simples, mostra-se desafiadora, uma vez que a cada peça que pretendo descartar vem à mente tudo o que vivi com ela. O dia em que a usei, as pessoas com quem estava, os sorrisos que dei ou ainda a lágrima que guardei num cantinho lá dentro do peito para que não rolasse. Roupas têm vida! Parece que adivinham os nossos sentimentos. Se alegres, escolhemos as cores mais ousadas; se tristes, de forma instintiva, separamos os tons melancólicos, pardos, sem vida. Roupas contam histórias, aquelas histórias que todos podem ajudar a contar, aquelas que desejamos compartilhar com quem nos rodeia ou ainda as mais secretas, que penetram em nossa alma, em nosso íntimo e imprimem em nosso coração um sentimento de nostalgia indescritível. Desfazer-se de uma peça de roupa do armário significa descartar dias já vividos, sentimentos intensos, dores marcantes, lágrimas angustiantes, sorrisos delirantes. Com esses dias de chuva, senti que precisava abrir o armário e despi-lo de roupas que não me agradam mais. Que estranha sensação a de ter de separar para outro as peças que tanto me serviram, que em tantos momentos me acompanharam, que suaram comigo, que sofreram comigo, que sorriram, que se angustiaram, que se alegraram. Todavia, é um tempo de renovação, tempo de buscar outras cores, outros modelos. Penso nas roupas como pessoas, cada peça da qual me desfaço é uma pessoa que, por alguma razão ou sem razão alguma, afastou-se de meu caminho. Lembro de muitas com saudade, ex-aluno com quem convivi por longos meses ou até anos e com quem já não posso mais conversar, amigos com quem trabalhei e, em busca de sonhar outros sonhos, nossos caminhos se desviaram, pessoas queridas cuja morte, com sua silenciosa mão, levou de meu convívio. É... roupas são como pessoas, muitas, ainda que distantes, não esquecemos jamais, outras, ainda que próximas, não se fazem perceber ao nosso lado. Diante de meu armário aberto, volto-me à tarefa de escolher que peças devo ou não descartar, nem me dou conta de que em meu coração, neste momento, estou também descartando pessoas e revivendo instantes únicos que merecem para sempre ser celebrados.


Suar é...
(Por Claudia Vanessa Bergamini)
Não raras vezes deixamos de fazer muitas coisas de que gostamos, atraídos e embalados que estamos por tantos compromissos que envolvem estudo, trabalho, cuidados com a família... Há dois anos, voltei a dedicar a mim mesma um tempo para fazer algo de que sempre gostei: correr. No início estava mais preocupada em perder uns quilinhos que a correria cotidiana me atribuiu. Caminhadas por longos 30 dias e, depois, arrisquei uns quilômetros correndo. O tempo foi passando e uma sensação maravilhosa foi tomando conta de mim. Senti como em tempos longuínquos em que corria 8, 10 quilômetros ao dia. A cada passada, uma gota de suor escorria pelo meu rosto e me mostrava que muitas outras passadas eram possíveis. Porém, ainda me faltava a coragem que hoje me sobrou para enfrentar por definitivo o percurso de uma prova de rua. Impossível descrever a alegria que cada gota de suor provocou em meu corpo; impossível descrever a sensação de lutar contra meu próprio corpo, contra minha respiração ofegante. A vontade de superar-me era ainda maior que qualquer subida, qualquer cansaço, qualquer sede ou mesmo qualquer sensação de frio, já que estava mais ou menos 10 graus às 7h30 da manhã, momento em que se iniciou a prova. Concluí o percurso sozinha, competi contra mim, marquei um tempo que agora preciso superar e descobri que suar é muito mais que suar. Não se trata de uma redundância, trata-se de uma forma de dizer que suar é superar, é alegrar-se, é vencer obstáculos e desejar que outros se formem em meu caminho, pois muito suor ainda tenho a derramar para superar os desafios.


Sobre mulheres e flores
(Por Claudia Vanessa Bergamini)

Quando estamos diante de uma rosa, deslumbramo-nos diante da beleza singular de tal flor. O aroma leve, para os menos sensíveis, imperceptível até; a cor única, ora de um vermelho aveludado, ora de um rosa de tons raros ou ainda de um amarelo vivo que em nada lembra se tratar da cor da melancolia.
Flores como as rosas são delicadas, são cativantes, são hipnotizadoras, assim também são as mulheres. Cada qual com sua forma de chamar a atenção, com seu jeito de mexer o cabelo, seu modo de caminhar como se tivesse certeza de estar sendo observada. Se as flores exigem cuidado, mais ainda exigem as mulheres. Um toque em alguns momentos é suficiente para sossegar o coração; em outros, um olhar basta. Porém, há circunstâncias que exigem para além do toque e do olhar, exigem a cumplicidade, requerem o calor do abraço, o doce sabor do beijo ou o som agradável da voz. Mulheres são como rosas, pedem que sejam bem cuidadas, que sejam regadas com os mais elevados sentimentos; sendo assim, delas somente se poderá obter o exalar do delicado perfume, o sentir do suave toque, o gosto quente do beijo. Toda mulher é rosa, que todo homem possa dela extrair somente a essência agradável e nunca os espinhos.

A luta pela expressão: a trajetória de um canto

A trajetória de um canto (Claudia Bergamini) A leitura de um cordel exige daquele que a realiza a percepção aguçada para engendr...