segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Crônicas - Coluna Nossa Crônica - Jornal Nosso Dia



Caro Leitor,  nesta seção, disponibilizo a vocês as crônicas publicadas na coluna Nossa Crônica assinada por mim no Jornal Nosso Dia. Boa leitura!!!


Meu currículo





Olá, caro leitor, sou Cláudia Vanessa Bergamini, escritora e professora de Língua Portuguesa e Literatura, apaixonada por textos, comecei a escrevê-los desde pequena e, a partir de hoje, estarei compartilhando com você algumas de minhas reflexões por meio de crônicas. Espero que você goste e possa rir comigo, quando assim for possível, de algumas situações, refletir sobre outras e, o mais importante, possa encontrar neste espaço a oportunidade de ler algo leve e agradável.

Entre bloqueios e desbloqueios
Por Cláudia Bergamini
Publicada em 25 de julho de 2016.

E mais uma vez os usuários de um aplicativo viram-se, por algumas horas, impossibilitados de se comunicarem na tarde da última terça-feira. Que transtorno para tantos que usam o recurso a fim de tratar de trabalho, de estudos ou mesmo de questões familiares que não podem esperar. Para outros, porém, que veem uma forma de diversão nas mensagens de áudios, textos e nos vídeos, ter tido o app bloqueado foi uma maneira de descobrir que existe rua, ou melhor dizendo,  que existem modos outros de se comunicar e pessoas que são muito mais interessantes para um bom bate-papo real. A moça que há muito tempo toma o mesmo ônibus a caminho de casa olhou ao redor e se deparou com uma amiga da escola com quem conversou durante todo o percurso. Descobriram que todos os dias estavam ali e não se viam, quer dizer, não se percebiam. O rapaz, de cabeça erguida, atravessou a rua e viu na loja uma blusa de inverno que há tempo muito procurava. A blusa sempre esteve li, mas ele é quem mantinha a cabeça baixa, respondendo às mensagens. A mãe chegou do trabalho e pode contar com um conversa agradável com o filho. Quantas novidades eles tinham um para contar ao outro, pois, ainda que vivessem na mesma casa, as conversas eram rápidas e sempre interrompidas por outras as quais chegavam por meio do tal aplicativo. Bem, os motivos que levaram à interrupção do serviço, justificáveis ou injustificáveis, não vêm ao caso. Porém, fato é que as pessoas puderam desfrutar por alguns momentos de uma conversa cara a cara, ouvir a voz real, perceber olho no olho e talvez até alguns se deem conta da falta que faz tudo isso e de como é bom interagir face a face. Que venham outras interrupções, pois são elas uma forma de permitir ao homem olhar ao seu redor e viver de fato a realidade. 







O sorriso é a cereja da vida
Por Cláudia Bergamini
Publicada em 28 de julho de 2016.

A moça chegou ao escritório e foi recebida pelo colega de trabalho com um alegre bom dia. Bom dia para quem? Ela pensou na noite que tivera. Havia passado em claro. As preocupações cotidianas não a deixavam há dias descansar. Pensou nas horas e horas em que se virou na cama. Levantou, foi ao banheiro. Meia hora depois, levantou e tomou água. Mas meia hora e precisou novamente ir ao banheiro. Lembrou-se, então, da receita da vovó Olívia e foi para a cozinha. Dizia a avó que uma xícara de leite morno é tiro e queda para a insônia. E assim fez...Tomou o leite e foi se deitar. Acordou na manhã seguinte com o despertador lhe avisando que era hora de ir para o trabalho. Dormiu poucas horas, não sabe se por causa do leite ou se por causa das lembranças que lhe vieram à mente. Lembranças da infância, da avó, de tempos em que a vida era feita de instantes duradouros de sorriso. O sabor adocicado do leite trouxe com ele o gosto da massinha de pão frita e passada no açúcar com canela, gosto da rabanada do meio da tarde feita com os pães que restaram da manhã, o macarrão do domingo, com o molho bem vermelhinho, acompanhado pelo frango caipira. Antes de o sono vir tomar o lugar da insônia, a moça se lembrou ainda da voz da avó a avisá-la sobre as obrigações do dia, escola, tarefa, ajudar com os afazeres domésticos e, claro, não pôde deixar de pensar no quanto brincava. Correr, pular a amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, balança-caixão, mãe da rua, salada de frutas. Meninos e meninas compartilhavam horas frenéticas de brincadeiras inocentes, de gritos que anunciavam pisadas na linha da amarelinha ou de céu e inferno, batidas no pique ‘um, dois, três, salvo eu’. O colega de trabalho viu nos olhos da moça um ar de alegria e, como não havia tido resposta, mais uma vez disse bom dia. A resposta veio imediata. A moça olhou para ele e respondeu: ‘Bom dia!’ Naquele instante morreu dentro dela a tristeza, pensou no bolo de aniversário e na cereja em cima dele e disse: ‘que o dia nos faça sorrir, pois o sorriso é a cereja da vida’. 


O galo

 Claudia Bergamini
Publicada em 01 de agosto de 2016. 


Sou cosmopolita, adoro concreto! Não que não goste da natureza. Porém, ainda que tenha crescido em uma chácara, o que me encanta mesmo é a cidade, seus labirintos misteriosos, sua noite agitada, sua manhã nevrálgica. Hoje, estando eu em uma pequena cidade do interior, daquelas que a gente sente que a vida corre lenta, sem a loucura dos grandes espaços urbanos, fui despertada antes das seis da manhã pelo canto de um galo. Há muitos anos não ouvira esse canto. À medida que me virava na cama e constatava que o corpo ainda pedia mais dela, rendi-me à melodia galinácea. Com que autoridade o galo anunciava a chegada de um novo dia, com que audácia ele avisava a todos que, por sua determinação, era hora de levantar. As outras aves não eram capazes de exprimir uma nota sequer, porque o majestoso tenor invadira o silêncio da pequena cidade com sua melodia. Enquanto ele cantava, revivi em meu coração instantes únicos de uma infância longínqua, quando ainda nem sabia o que era concreto. Lembrei-me de que em mim, em algum lugar, resta ainda uma saudade do canto de outrora, do galo soberano que me acordava. Amanhã, terei um despertador digital a me lembrar dos afazeres do dia. Todavia, o canto de hoje estará vivo em mim.


Ilustres somos nós! 
(Por Claudia Bergamini)
Publicada em 04 de agosto de 2016.

Certo dia, cheguei a um hotel. Um bem pequeno localizado no interior de São Paulo. A cidade sem muitos atrativos, daqueles lugares em que o silêncio paira no ar, a vida corre lentamente e as pessoas não precisam de pressa, pois o tempo lá é um tempo mais duradouro. Olhei tudo o que os olhos puderam enxergar na avenida principal, nada mais que meia dúzia de carros, algumas carroças insistentes que iam e vinham, talvez levando leite, ou quem sabe apenas de passagem. Mas, voltando ao hotel... Ao entrar nele, observei que na parede do pequeno estabelecimento havia fotos de todos os grandes que por lá já passaram. Com que orgulho o recepcionista veio contar-me sobre os tais ilustres. ‘Este, apontava ele, esteve aqui em janeiro, e mostrava a foto de um cantor sertanejo; aquele, apontando com o dedo, já passou três vezes por aqui’.  Os quadros estavam espalhados por todo o espaço. Aos montes! Eles tinham duas funções. A primeira, fazer o hóspede tomar conhecimento sobre quais personalidades já passaram por ali. A segunda fazer com que o hóspede reconheça a importância do lugar. De fato, é um hotel agradável. Para uma cidade com pouquíssimos habitantes, é excelente. Porém, os ilustres cantores e duplas sertanejas que por lá passaram nada mais foram do que hóspedes. Ser ou não ilustre está dentro de cada um de nós. Os cantores são figuras públicas. Alguns, seres humanos fantásticos; outros, seres humanos mesquinhos e envoltos em uma infinita pequenez. Nós, hóspedes que passamos despercebidos, somos ilustres, haja vista que quem conosco convive conhece nossas duas faces. A magnífica e a mesquinha. Sem máscaras, somos o que somos, sem palco, sem holofote, mas com um show a cada dia, pois viver é um belo espetáculo do qual somos os ilustres protagonistas.






Sobre cuidar de rosas 
                                               (Por Claudia Bergamini)
Publicada em 07 de agosto de 2016.

Simples ir até o jardim e escolher a roseira que deseja fazer sua. Simples ir ao jardim e separá-la para você. Feita a escolha, inicia-se um processo.
Os meses de julho e agosto são os mais indicados para que as roseiras sejam podadas. E de fato são. Talvez agosto seja ainda melhor.
A poda somente pode ser feita depois que a roseira ofereça a rosa mais pura, mais bela. Para tanto, dedicação é preciso. Regá-la todos os dias com água fértil, de qualidade inquestionável. Dedicar seu tempo a inspecionar cada pequeno espinho, cada detalhe das folhas e galhos.
Rosas gostam de se sentir seduzidas pelo seu dono. O prêmio dessa sedução são as pétalas aveludadas e levemente perfumadas que, ao simples toque, deixam revelar as gotas de orvalho que nelas se escondem.
Ofertadas as flores, chegou a hora da poda. Momento que saem todas as folhas e galhos em excesso e, ao passo que a roseira vai ganhando nova roupagem, seu dono já vê nela os traços que desejou lhe atribuir.
Quando alguém se torna o dono de uma roseira, torna-se, também, o dono de seus espinhos. Por certo que ela não tem pretensão nenhuma de ferir a quem ama com devoção. Porém, às vezes, o sol forte do dia, bem como as horas e horas em que ela ficou exposta sem cuidados deixam-na com espinhos em evidência.
Fácil resolver, é só dispensar a ela um tempo e o cuidado necessários que o dono só colherá a suavidade e a mansidão tão características dessa flor.
Rosas amam, e quando o fazem, despem-se de espinhos...


A lição de Rafaela 
Por Cláudia Bergamini
 Publicada em 11 de agosto de 2016.

Que alegria compartilhada pelo povo brasileiro esta semana com a vitória da judoca Rafaela Silva. Quanta lágrima na tarde de segunda foi derramada por pura emoção. Depois das lutas durante todo o dia - e mais aquelas durante os treinos - bom ver o sorriso da menina carioca vinda de um contexto tão complexo, aliás, igual ao de muitas Rafaelas brasileiras que andam por aí vencendo desafios a cada dia. Melhor ainda ver uma nação se render ao encanto da mulher forte que se apresentou como autora de sua própria história. Não é raro encontrar estórias de superação que vêm pôr em evidência a garra e a determinação daqueles que acreditam que amanhã é sempre possível conquistar o que hoje escorregou pelas mãos. Porém, a medalha olímpica de Rafaela não tem apenas o gosto da vitória; antes, traz em seu bojo a História sendo escrita por um viés outro. A História contada pelos passos resilientes que aprenderam a se fortalecer, caminharam por pegadas tão ousadas e souberam reescrevê-las com vistas à vitória. Que possamos todos encontrar em tal feito o espelho para o futuro, vislumbrá-lo como a fonte para a conquista. Que o ontem não seja motivo para que o amanhã não floresça e que cada lágrima advinda da dor de hoje possa ser colhida como fruto da alegria do amanhã.




Os mitos de carne e osso
(Por Cláudia Bergamini)
Publicada em 14 de agosto de 2016.

Ei, você? Você mesmo que acordou nesta segunda-feira cheio de problemas como tantas pessoas espalhadas pela face de terra. Então, ontem foi comemorado mais uma vez o dia dos pais. Data tão comercial, mas que, graças ao carinho e devoção de tantos filhos, torna-se um dia singular, em que abraços e frases são trocados e permitem vibrar a ideia do mito de carne e osso que é o pai. Sim, um mito de verdade, pois quantos pais trazem em sua trajetória a garra para vencer os obstáculos da vida. Trabalho, às vezes a falta dele; os apuros financeiros tão comuns num país em que certas instabilidades transformam os dias difíceis em mais difíceis ainda; as preocupações com o futuro dos filhos em relação à profissão, à família, enfim, pais são seres humanos, cheios de defeitos, de vontades, de dúvidas, de ausências, mas também cheios de presença, de alegrias, de sorrisos, de abraços. São estas características, pois, que fazem com que cada um traga a imagem do pai herói, do homem que chegava com a bala, o chiclete, que brigava por causa das bagunças de crianças, que levava ao parque quando possível, que comprava pipoca do carrinho da esquina. Cada um traz dentro de si a imagem do pai humano e que, por alguma razão, merece ser celebrado, ao menos em um dia do ano, como herói. Nem sempre a memória traz imagens tão belas, é verdade, mas no dia de ontem muitas amarguras foram deixadas de lado e o que valeu, de fato, foi ir ao encontro desse mito humano, reconhecendo que ele faz parte de nossa história. Brindemos a todos os pais, desejando que eles na eterna busca de serem os super-heróis dos filhos, possam, no mínimo, serem bons super-humanos.



O pedido de Letícia
Por Cláudia Bergamini
Publicada em 18 de agosto de 2016.


Dia desses fui à padaria, já bem no final da tarde, como me é costume passar por lá, cumprimentei carinhosamente as atendentes, que conheço de nome, Letícia e Isabel, e de sorriso. Muito bom ser por elas atendida e melhor ainda saber que leem as crônicas que aqui publico. Depois do pedido a mim feito para uma delas, como sempre eu queria pão francês e brevidade, foi a vez de uma delas me fazer um pedido. Sabe, você escreve sobre qualquer coisa? Letícia me indagou. Respondi que sim e perguntei, com curiosidade, por quê. Ela me explicou que não era fácil nem dizer o que desejava, imagina escrever, mas me explicou a razão de seu pedido. Eu ouvi e, ao terminar, lembrei-me das palavras de Bentinho, personagem de Dom Casmurro de Machado de Assis: ‘domino a arte da palavra, mas não a do sentir’. Sorri e prometi a ela que escreveria sobre o que me pediu. Então, aqui estou eu, tentando em mal traçadas linhas esvaziar, em palavras, tão difíceis sentimentos. O caso é que o assunto não é tão complicado assim e se trata de algo tão comum a tantas mulheres. Afinal, quem já não sentiu a dor de ser magoada por alguém que ama? Pois é! Essa era, pois, a situação da moça de sorriso doce. Não preciso aqui reproduzir o contexto, mas posso dizer que magoar alguém caminha para além da ação. A atitude feita hoje, amanhã já foi esquecida e até perdoada. Porém, o que não se esquece nunca são as feridas que ficam no peito sempre a doer, para nos lembrar que a ação existiu e as marcas estão ali para sempre. Mulheres, mulheres, seres tão cheios de delicadezas, sensuais, atrevidas, tímidas, doces, mas também cheias de dores, marcas, mágoas que muitas vezes as tornam amargas. Homens, homens, se soubessem lidar com flores, certamente nunca se feririam em espinhos e, em suas mãos, restaria apenas o perfume das flores que andam por aí pedindo para serem cuidadas. 




Colecionador de bibelô
(por Claudia Bergamini)
Publicada em 22 de agosto de 2016.

Pessoas não são bibelôs, como aqueles que se vê na vitrine, gosta-se da aparência e decide levá-lo para casa. Não se brinca com sentimentos humanos, pessoas são muito mais que isso. Quando se escolhe alguém para construir uma amizade, importante se faz ter em mente que nos tornamos responsáveis por aquela pessoa e quando se tem a reciprocidade como resposta, a responsabilidade é ainda maior. A lógica de alguns em relação ao outro é mais ou menos assim: escolhe-se na prateleira o bibelô; em um primeiro momento, cuida-se dele com esmero, dedicando tempo para polir cada parte. Em um segundo momento, incia-se um processo de apontamentos de defeitos, como que se fora uma forma de dizer "olha, você não me é tão necessário assim". Depois, inicia-se o período do descumprimento. A poeira, que antes jamais poderia estar por perto, começa a assentar. Cada dia um descuido. Até que chega o momento de jogá-lo, de descartá-lo de vez. Não importa o tanto que o bibelô tenha servido para agraciar sua vida, o fim dele é o lixo. Se ele estiver com alguma parte quebrada. Maravilha! Fica mais fácil ainda menosprezá-lo. E assim, em tempos em que vivemos na era líquida dos relacionamentos, as pessoas se tornam os pequenos objetos a enfeitar por um período determinado a vida do outro. A contemporaneidade exige tudo perfeito, se o bibelô quebra, lixo para ele. Pena as pessoas pensarem assim e permitirem que outras sejam feridas tão profundamente.






Por que comprei flores...
(Por Claudia Bergamini)

Hoje fui ao mercado, ao entrar, fui recebida com flores. Que alegria! Não se trata de uma flor qualquer, e também, vale esclarecer, não eram flores que me foram dadas. Porém, era para mim que elas sorriam. Era para mim que elas insinuavam uma beleza ímpar, a pureza do branco, contrastando com a alegria de um verde viçoso. À medida que me aproximava do lugar em que estavam expostas, confirmava em meu coração que era para mim que elas se mostravam assim tão meigas, tão doces e tão sedutoras.  Orquídeas, daquelas que simbolizam, segundo a lenda, paz e prosperidade. Prosperidade esta que vem anunciar a estação que se faz tão próxima, em pouco tempo, o cinza dos dias sai de cena e uma nova protagonista vem embelezar os dias com cores e amores, a primavera. Quanto de amor há em uma flor? E quanto de amor há em uma mulher? Estagnei-me diante da beleza que me servia aos olhos. Não podia sair dali, porque me sentia como a orquídea, bela, insinuosa, sedutora, pedindo para ser roubada, pedindo para ser a flor escolhida dentre tantas que embelezam o jardim. Entre mim e ela houve uma troca de sentimentos que pude ouvir o que ela tentava me dizer por meio de suas flores alvas. Dizia-me de quanto tempo ela precisou para ficar assim tão bela. De como o percurso pelo qual já trilhou foi de espinhos e de quanto aquele momento em que ela era contemplada e amada era único. Tomei o pequeno vaso em minhas mãos, pois não pude deixá-la. Ela embeleza muito mais que minha casa, enche de paz meus olhos tão cansados e preenche de vida minha pobre vida.


A bola 
(por Claudia Bergamini)

Ah, bola! Como te deseja o louco por futebol. Corre atrás de ti como se fosse única deusa a existir no universo. Sedento que está, para ti desenha com os pés as mais belas manobras. Faz dos gestos, para se aproximar, verdadeira poesia. Se longe tem de ficar, enlouquece. Procura-te pela manhã com a ânsia do bebê faminto. Pela tarde, rola contigo com a alegria do menino em seu primeiro gol. À noite, põe-se lobo a uivar para te seduzir. E tu, encantada bola, a acreditar ser sempiterna. Mas, toda bola tem o momento de ser a da vez. Toda bola tem o momento de ser a deusa a seduzir seu aficionado. Algumas levam um pouco mais de tempo para sair de campo, mas quando é chegado o momento: au revoir. Se não quer, entenda, ser a bola da vez tem dia e hora para acabar. Não é eterna a poesia que emana de ti e sempre haverá outra e outra e outra a merecer a paixão avassaladora do amante. Sempre haverá outra a fazer brilhar os olhos, a estremecer a respiração, a incendiar o corpo. Logo, passado o momento, sair de campo é honroso. Descansar da jornada intensa é cabível. E o outrora louco por ti, vai descobrindo outras e outras e outras, paulatinamente, que um dia também deixarão de ser tão sedutoras. E tu não habitará cá na Terra sempre triste, porque mais do que bola, tu és forte, mulher!








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A luta pela expressão: a trajetória de um canto

A trajetória de um canto (Claudia Bergamini) A leitura de um cordel exige daquele que a realiza a percepção aguçada para engendr...