quarta-feira, 27 de maio de 2015

Crônica da saudade

Crônica da saudade
(Por Claudia Vanessa Bergamini)
Naquele dia, enquanto lia o jornal, perdi-me em meus pensamentos, lembrando-me de fatos já tão esquecidos. A criança que atravessara a rua diante de minha calçada tirou-me a atenção das notícias de hoje e fez meu pensamento voltar a mares já navegados, aliás, há muito tempo navegados.
Como era bom chegar em casa, sentia o cheiro da comida, via a fumacinha que saía do fogão e confirmava a minha certeza: ela cuidava de mim. Olhava a mesa e cada prato estava em seu lugar, havia uma família que, todos os dias, reunia-se em torno da mesa para saborear o alimento que, amorosamente, mamãe preparava. Conversas, agitação... Os três filhos, ao chegarem, disputavam as atenções e queriam contar todos juntos as novidades daquela manhã. Era um invadindo a fala do outro, sem paciência de esperar por sua vez de contar as novidades. O tempo trouxe o silêncio, esvaziou a mesa e baixou a tampa do fogão. Cada um pegou seu rumo e as conversas foram cessando. Do conceito de família restaram apenas as lembranças e aquele maravilhoso aroma de comida, que para sempre estará em meu coração, como bálsamo para aliviar o tempo de silêncio e solidão.

domingo, 24 de maio de 2015

Amo escrever

Sobre amar e beijar
(Por Cláudia Vanessa Bergamini)
Como é bom beijar,
sentir a força dos lábios,
sentir o toque das mãos,
sentir o calor do abraço.
Como é bom amar,
sentir os corpos serpentearem,
sentir o suor escorrer,
sentir a boca umedecer,
sentir a vida florescer.
Como é bom viver,
estar com quem amamos,
estar com um sorriso sempre,
estar com um desejo ardente.
Sentir, estar, sentir...
Viver, sentir, pedir...
que os lábios peçam mais beijos,
que o corpo peça mais sexo,
que o coração peça mais amor...

Boa noite!!!
(Por Claudia Vanessa Bergamini)
Como é maravilhoso o gesto de poder desejar a outra pessoa que a noite seja agradável. Para quantos, um simples boa noite pode promover o sorriso que durante o dia não veio; pode apagar, ao menos por um instante, a dor que lateja no peito; pode aliviar o fardo que, com dificuldade, é preciso levar nas costas. Um simples boa noite é capaz de fazer lembrar de outras noites, aquelas em cujo coração havia alegria, havia rumores, ou ainda pode fazer brotar lá do fundo do coração aquela saudadezinha que dói. Vovó teve 12 filhos, 9 deles vingaram e, à noite, como sempre mamãe me contava, todos gritavam: 'bênção, mamãe', e ela, já cansada, dos afazeres do dia, dos fardos que a vida de uma dona de casa de outrora carregava, simplesmente desejava que todos de fato fossem dormir e pudessem estar bem para que, no outro dia, tudo se repetisse. Estranho como um simples boa noite pode fazer reviver dias tão longínquos e sentir a saborosa nostalgia que emana daqueles que têm memória, uma memória que salta da mente e vem ferir, ora com docilidade, ora agressivamente, o coração.


E a pergunta gira...
(Por Cláudia Vanessa Bergamini)
Quantas dúvidas pairam na cabeça de um homem? Quantos desejos precisam ser reprimidos? Quantas verdades são ocultas? Quantos sonhos são abandonados? Quantas injustiças escorrem pelos cantos do mundo? Quantas alegrias se esvaem ao piscar de olhos?
Quantas outras perguntas ainda poderiam ser feitas e, ainda assim, impossível seria expressar todas as que giram em torno da existência humana? 
A busca por respostas move o homem e, embora ele acredite que muitas estão ainda a serem respondidas, o simples questionamento é a prova de que viver é sublime e questionar é essencial. Bom restinho de sábado a todos que, como eu, são questionadores...



Brindemos...
(Por Claudia Vanessa Bergamini)
Então, de repente, assim tão de repente, brotam esperanças, surgem motivações, emergem novas possibilidades. São estas, pois, as grandes alegrias humanas, a de ver nascer um novo tempo, a de ver brotar a chance de (re)escrever o escrito, de (re)viver o vivido, de (re)semear a semente já semeada. Feliz daquele que joga um contente jogo com a vida, sem fazer vista grossa às dificuldades que se apresentam, mas também sem permitir que a lágrima de ontem sufoque o sorriso de amanhã. Um brinde à renovação, um brinde à resiliência e que venha a felicidade...



Um dia especial 
(Por Claudia Vanessa Bergamini)

Cheiro de rosa emana no ar,
Sensação de toque delicado,
Voz que, como veludo, desliza delicadamente dos lábios,
Olhar seguro, que seduz, que nega, que afirma, que permite...
Mamãe, para cada um, este nome tem um significado,
Mamãe, para cada um, este nome traz uma lembrança,
Mamãe, para cada um, este nome ensina sobre algo de que não se pode esquecer.
Se um dia do ano é dedicado às mulheres que dispensaram parte de sua vida à maternidade,
então, mamãe, você precisa ser lembrada com carinho, com beijos, com doçuras e abraços, os quais somente seu doce toque, sua deliciada voz, seu inebriante e inesquecível perfume podem representar.
Feliz dia das mães!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Desabafos

Sobre o dia do trabalho (Por Claudia Vanessa Bergamini)
Hoje é o dia do trabalho! Na verdade, dia do trabalhador! Dia de lembrar-se daqueles que, por meio de suas reivindicações, tiveram suas vidas silenciadas. Ao que tudo indica, os tempos mudaram.... Mudaram? Será mesmo que os últimos acontecimentos envolvendo o (des) governo do Paraná e os professores são exemplos de mudanças. Ao se pensar sobre os valores atribuídos aos políticos brasileiros (e os paranaenses estão envolvidos) e os benefícios, no mínimo ridículos, como auxílio terno, é lastimável ao que se assiste. Um governador anseando tirar do trabalhador direitos conquistados de forma bastante sofrida. Um político por apenas dois mandatos pode se tornar um aposentado, cuja renda é bastante satisfatória. Um professor, e muitos outros profissionais, carecem de três décadas de trabalho para conseguir um valor que não é compatível com a contribuição, tampouco que lhe ofereça uma vida digna. Brasil, um gigante de povo adormecido, povo tomado por uma letargia que não permite ver aquilo que salta aos olhos. Deixemos de lado festas, carnaval, e tantas outras inúmeras atividades sem sentido e passemos a questionar, a votar com sangue nas veias, a exigir de nossos políticos as transformações de que o país necessita para, enfim, tornar-se uma nação que respeite o trabalhador.

A luta pela expressão: a trajetória de um canto

A trajetória de um canto (Claudia Bergamini) A leitura de um cordel exige daquele que a realiza a percepção aguçada para engendr...