terça-feira, 27 de outubro de 2015

Um novo capítulo!


Dona 
(por Claudia Vanessa Bergamini) 

Porque se preocupava muito com ela, pediu que usasse um batom bem clarinho, apático. Porque era ousada e dona de si, comprou o mais vermelho que pôde e saiu a despertar desejo por onde passava.

O que é?
(Por Claudia Vanessa Bergamini)
Amor é sofrimento decantado,
é fogo sempre a queimar,
é chama sempre a arder.
Amor é sofrimento anunciado,
é verbo sempre conjugado,
é sentir que faz sofrer.
Amor é alegria fugaz,
fruto do sentimento incapaz
de ao outro sempre entender.
Amor é instante sereno,
e,mesmo na mais bruta tormenta,
continua em mim a nascer.

Mistérios e desejos
(Por Claudia Vanessa Bergamini)
No desejo de uma mulher há mistérios que perpassam o entendimento. Compreender é totalmente vão, tendo em vista que nunca sabemos, em absoluto, que tipo de querer envolve corpo e alma femininos. Há quereres sensuais, de atrevimento, audaciosos e cheios de malícia. Todavia há outros tomados por romantismo barato. Daqueles desejos pequenos de ler um poema escrito em papel amarelo, cheio de rimas pobres que foram pensadas com cuidado por um poeta de instante, mas que desejou expressar todo seu sentir por meio dos mal traçados versos. Nos desejos de uma mulher, ainda que seja fêmea aquecida na sarça pecaminosa da libido, há a vontade de amar pelo olhar, que ocorra um instante mágico em que corpo, boca, mãos, pés... todo o ser se entregue latentemente ao outro, por meio do olhar. Em uma mulher, há sedução, há volúpia, há uma gana frenética de se fazer a dama do prazer, entregando o corpo plenamente ao outro. Mas cabe ainda, no desejo de uma mulher, o toque macio, a mão no cabelo, a voz a sussurrar malemolente ao ouvido, revelando o instante mágico em que o amor se faz.

Um segredo
(Por Claudia Vanessa Bergamini)
Vou te contar um segredo.
Bem baixinho para que ninguém ouça, 
bem suave para que não te assustes,
com delicadeza para que compreendas meu coração.
Se pudesse escolher um lugar para estar sem medo,
sem cobrar-me, este lugar seria um ninho caloroso e aconchegante.
Um ninho cheio de espaço a ser preenchido, cheio de túneis a serem desvendados.
Não encontrei ainda um lugar como este, parece-me único.
E, ainda assim, resisto para não ir ao encontro dele.
Necessito do teu calor, do teu abraço e anseio por uma entrega ainda maior.



Equações e inequações 
(por Claudia Vanessa Bergamini)

Razões para te amar tenho aos montes. De muitas rio, por outras me arrepio, em outras vario e há ainda aquelas das quais me desvio. Saberás porque te amo, pois de dois modos te conto. Entrego-me quando contemplo teu rosto, mesmo quando ele está perdido em outras nuvens; e ainda quando te escuto, severo, de falares austeros e sem mansidão, apenas consinto que certo estas, porque sei que tua austeridade, bem lá no fundo, demonstra teu cuidado.
Há razões para te amar, porque eu, ansiosa, impulsiva, permito-te que me domines, resisto sim, eu sei, mas a cada dia tenho apontado para mim mesma que minhas inequações são equações racionais e verdadeiras proferidas por teus lábios. A cada dia começo a te amar, revivo sentimentos, nego momentos, cuspo em tormentos e finalizo minhas negações equalizando o que sinto por ti. Há uma presença em tua ausência que nao posso compreender. Há uma vida em meu destino desditado e incerto que me faz sempre correr para teu encontro. Se ouço estrelas, é por ti. Se vejo flores em pedras, é por ti. Mas não se iluda me achando assim tão menina, pois em ti também vejo desventuras e ainda que delas me esforce em fugir, a cada dia é em direção delas que caminho. Eu te amo e, neste amar, amo ainda mais a mim. Amar-te exige de mim não conjugar esse verbo no futuro, prefiro o presente, construído a cada dia, a cada chamada e gosto também do pequeno emprego do pretérito que já pode ser posto para falar de, talvez, um nós. A palavra é para mim demonstrar o sentir e nela encontro uma inspiração a crescer, tu tens sido meu motivo. Não é único, eu sei, mas é o maior que já pude encontrar. Porque amor é amor e pronto. E o meu só pode ser teu e ponto.

Calor de ti 
(por Claudia Vanessa Bergamini)

Força do Sol em ti eu encontro o calor. 
Titã da Luz que me pôs em encanto, em ti eu busco amor.
Como encontrar, no mar desses olhos, a água tranquila para navegar? 
Como encontrar no peito um afago se a distância me põe somente a sonhar? 
Nos olhos percebo uma força serena, mas avassaladora a me condenar. 
Presa no laço sem teu calor, sem teu cheiro, distante de ti me ponho a esperar. 
Se nego esse amor, sofro em pranto, se a ele me entrego, sofro bem devagar. 
Tua paz eu almejo, mais tenho medo de ela vir tomar meu lugar.
Como farei, meu Sol, para respirar?


Em teus olhos
(Por Claudia Vanessa Bergamini)

Nos teus olhos há um mar, sim há um mar de águas agitadas. Em teus olhos há um rio, que, paradoxalmente, é sereno. Entre o mar e o rio estão meus olhos. Sentem-se como o mar em ressaca, como a tormenta, porque sossego não encontram a não quando cruzam os teus.


Soy así...
(Por Claudia Vanessa Bergamini)

Hay una inquietación...
siento ganas a veces de salir de mí
hay una urgencia loca para que todo pase muy rápido
para que la vida se quede nada delante de mis deseos.

No puedo huir de mí,
no puedo cambiar mis gestos,
mis actitudes, 
mis acciones.

Soy así, pienso como loca,
escribo como insana,
todavía, te quiero como niña
y te deseo como mujer.




A luta pela expressão: a trajetória de um canto

A trajetória de um canto (Claudia Bergamini) A leitura de um cordel exige daquele que a realiza a percepção aguçada para engendr...