sexta-feira, 4 de maio de 2018

A luta pela expressão: a trajetória de um canto



A trajetória de um canto
(Claudia Bergamini)


A leitura de um cordel exige daquele que a realiza a percepção aguçada para engendrar sentidos ao assunto sobre o qual o cordel se desenvolve. Muito mais que uma poesia que germinou em meio à rica cultura nordestina, o cordel é gênero poético que contempla em seu bojo a hibridez entre oralidade e escritura. A construção rítmica permite ao leitor elevar o tom de voz e sentir a cadência das rimas e, concomitantemente, adentrar o universo semântico que permite ao cordel cumprir sua função social. 




Frente à leitura do cordel de Ronnaldo Andrade, intitulado ‘A luta pela expressão’, tem-se a possibilidade de conhecer dois universos. O primeiro refere-se à história do cordel e a força expressiva do gênero centenário. O segundo, e a construção desse universo é fruto do engenho e da arte de Andrade, é o labor com as palavras, a escolha exata para compor as rimas das sextilhas em esquema ABCABC, incutindo ao texto um dinâmico movimento de ação. Esses dois universos, observáveis em ‘A luta pela expressão’, mantiveram-me longe do axioma que separa a cultura popular da erudita, haja vista que me senti apenas próxima à poesia e esta é, pois, uma forma de construção literária. 




Agradeço ao poeta Ronnaldo Andrade pelo envio do cordel e lhe parabenizo pela dedicação à literatura. Finalizo com um saber, tomado de Patativa do Assaré, a alegria do matuto é saber mais do seu torrão e seu cotidiano que os sábios da civilização. Parabéns!   
 Claudia Bergamini









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