sábado, 6 de janeiro de 2018

Poemas e crônicas escritos para ele...



   

Embriagada



O corpo é coerente, é fogo, é forma...
O vinho é suave, é chama que deforma...
O sonho inebria, aquece e me devora...
Teu corpo é a taça com o vinho a escorrer.
Minha língua te toca para do teu gosto sorver.


Menino homem

(por Cláudia Bergamini)


Menino, na sua voz encontro um rio de água mansa,
água que segue suavemente seu curso,
assim sem pressa, assim sem a ânsia de tantos...

Menino, em seus olhos vejo eras.
Eras de caminhos amenos, de caminhos tortos.
Que importa!
São as veredas pelas quais trilhou que fizeram de seus olhos eras tão sedutoras.

Menino, em sua boca vejo um paraíso.
Ousado, bronzeado, cheio de curvas que pedem para serem contornadas.

Menino, em tua mãos vejo histórias de tempos passados, devaneio outras para tempos futuros.
Suas mãos revelam sua ternura,
às vezes, oculta no agir cotidiano do homem.

Do homem que se mostra por vezes severo,
sei que não é,
mas a situação assim exige.

No homem, vejo olhos de mar, revolto, em ressaca, mas em mansidão também.

No homem, encontro voz grave,
a qual me sustenta em tardes de aflição e noites de sedução.
Homem menino!






Canção para ninar meu amor 

(por Cláudia Bergamini)


Dorme, dorme, menininho
teu sono eu vou velar.
Dorme, dorme, homenzinho,
com carinho, vou te ninar.

Tua respiração eu ouço a distância,
calma, tranquila, mansa.
Com zelo, vou te sondar,
até teu sono de paz chegar.

Dorme, dorme, homem lindo,
que em teu rosto vou ver o mar,
vejo barcos mansamente indo,
e eu sonhando em te encontrar.

Na mansidão te deixei dormindo,
uma última vez mirei teu semblante,
agora me ponho aqui sorrindo,
vou dormir antes que o sol levante.

E nesse rosto de menino-homem-amante,
continuo meu devaneio,
Me ponho num sentir delirante,
um dia ao menos te quero por inteiro.

Dorme, dorme, meu amor,
sem pressa para acordar,
os dias serão sem dor,
agora chegou a vez de descansar.





O homem e o bigode

(por Cláudia Bergamini)


O homem atrás do bigode
é muito mais que um homem atrás do bigode.
O bigode é máscara que esconde os lábios, os traços.
O bigode é acessório que oculta por vezes o sorriso.

Mas o homem por trás do bigode vai além.
Ele é feito de matéria humana e, como tal,
vive a lutar consigo mesmo,
com suas ideologias, suas idiossincrasias.

Ah! Como seria bom ser somente o homem do bigode...
Que vive a sorrir, que vive a cantar, que vive a torcer pelo seu time, ainda que ele perca.

Seria bom ser o homem a dançar uma valsa vienense, a tocar um violino cheio de poesia,
de versos dos quais emanam a doce alegria de ser.

No entanto, não se pode enganar,
a vida é mais que valsa,
é mais que som,
é mais que poesia,
é mais que a vida com bigode.

Há! Há! Há!
A vida é um fazer a cada dia,
um fazer de si mesmo e do outro.

A vida é, pois, a busca por uma paz
e por um caminho de luz e, se eles não vêm,
então, administra-se a vida e, se necessário, usa-se o bigode.


         


Ainda



Não fuja assim tão depressa, fique comigo um pouco mais, 
ainda restam sensações que não param de chegar. 
Ainda brotam gotas de orvalho que insistem em não parar. 
O perfume do ambiente ainda está no ar.







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