sábado, 9 de agosto de 2014

poemas de ausência

Abrigo (Por Cláudia Vanessa Bergamini)

Tateio em minha volta à procura das mãos,
mãos que durante muito tempo mantiveram as minhas,
e hoje só encontram a ausência e o vazio.

Vazio que preenche meus dias,
Dias em que são pinceladas as saudades,
Saudades que me levam à eterna busca,
busca por reencontrar as mãos que me eram abrigo.

De manhã as busco no silêncio ao meu lado.
À tarde anseio em sentir o cheiro que me embriagava,
À noite, enfim, sinto o silêncio, frio que atormenta.

Se minhas mãos sentem o desamparo que a tua ausência provoca,
imagine meu corpo longe de seu calor,
meus olhos longe do brilho que emanava dos seus,
minha boca distante do sabor ameno dos seus lábios.

Perfume, carinhos, sedução
vivo diante de um dèja vu
vivo o vivido
sinto o sentido
sofro com o sempre sofrido.

abrigo de meus dias
amparo de minha dor
luz de meus passos
onde andará?


Ausência (Por Cláudia Vanessa Bergamini)

Preciso falar do que sinto,
Permitir que as palavras expressem a dor e a falta...
Ausência é também feita daquilo que me enche,
Daquilo que me sufoca!

Olho para o ponto de luz no céu
Percebo, às vezes, a presença daqueles que já não estão,
mas cujas vidas são ainda  para mim raras,
sinto que a ausência se faz no fato de essas luzes estarem sempre presentes.

Olho para minhas mãos
Vazias, solitárias, sem o abrigo de que eu precisava.
Onde estarão as mãos que abrigavam as minhas?
Onde estará o calor que delas emanava?

Ausência que se faz na presença,
Ausência que se faz no sentir,
Ausência que se faz no estar sozinho
E no paradoxo de não poder existir sem a presença desejada.

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