quinta-feira, 14 de novembro de 2013

poemas de ausência e espera



O tempo e a espera

Por Cláudia Vanessa Bergamini


Faltam palavras,
Sobram sensações.
Um gosto amargo na boca
Mistura-se ao gosto daquele beijo.

Um abraço seria suficiente.
Um sorriso e um olhar bastariam,
Mas nada dele poderia vir
Senão o silêncio... silêncio... silêncio...

Cadê o som suave da voz?
Cadê o toque delicado das mãos?
Onde estão os olhares que se cruzavam?

A espera por um novo momento,
A espera por um novo dia,
O anseio para que um novo sol brilhe.

Escrever é o caminho,
Pois ela escreve sobre o que dói.
E dói o amor ausente,
Não correspondido, distante
E que para sempre está latente em seu coração.

Se faltam palavras,
Sobram sonhos e desejos,
Queimam vontades e perspectivas.

O amanhã como será?
O tempo, que é o inimigo das horas e
Companheiro do sofrimento, pode tudo mudar;
Pode trazer à tona o encontro que não houve,
O beijo que não se fez,
O caminho que se desfez.

Passado, presente, futuro.
O primeiro está acabado!
O segundo se faz!
E o terceiro poderá escrever diferentes veredas.
Enquanto resta: esperar... esperar... esperar...




O silêncio


Por Cláudia Vanessa Bergamini

O silêncio é a pausa
Entre o dito e o pensado,
É o espaço entre o enunciado e a enunciação.

É o silêncio o momento entre a reflexão e a prática,
Entre o pensar e o agir,
Entre o pedir e o agradecer.

Silêncio é o doce momento
Em que se espera o sorriso.
É o espaço no qual se estendem os braços para o abraço.
O instante em que os olhos
Se cruzam e os lábios se tocam.

Silêncio é o vácuo necessário à alma.
É o tempo para as coisas do coração se acomodarem.
É o tempo necessário ao luto.
É o tempo necessário à gestação.

O período em que se organiza a festa
E a despedida no final dela.

Sem o silêncio não somos.
Sem o silêncio não criamos.
Sem o silêncio não refletimos.

Trata-se, pois, de sentimento inerente ao homem,
Este, de maneira equivocada, crê que nutri-lo é sinônimo de tristeza.

Não é!
Nutrir o silêncio é sinal de alegria.
De aprendizagem e de sabedoria
Acerca da necessidade de deixar o tempo formar a nossa voz.







Amargo amor

Por Cláudia Vanessa Bergamini

Escureço a cada amanhecer,
Já não posso mais sentir o sol em minha pele,
A luz não chega a mim,
Pois sou tristeza, decepção, sofrimento.

O dia já não se oferece como luz,
A chuva não tem mais a conotação da vida,
As lágrimas caem do olhar cabisbaixo
E rolam nas faces já sem cores.

Cinza é a manhã!
Cinza é a tarde!
Negra é a noite!

Dor suplício. Onde andam o amor e a alegria?
Onde andam o riso e a esperança?

Em tempos negros de manhãs nubladas, de noites encobertas,
O riso, a esperança, o amor e a alegria estão distantes do alcance das mãos.

Somente uma pessoa poderia devolver o colorido dos dias,
A beleza do sorriso, a doçura do olhar.

Longe está, pois longe esta meu amor.
Voltar já não pode,
Sorrir já não é possível.
Agora choro, lágrimas, tristezas.
Mas um dia, flores, cores e luz...


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